É conversando que a gente se entende?

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Ain't come back

- o pior cego é o surdo diz:
vim dar um beijo
- o pior cego é o surdo diz:
vou pra prudente
- o pior cego é o surdo diz: ver minha mãe e meu avô
- o pior cego é o surdo diz:
semana que vem to de volta
- o pior cego é o surdo diz:
vou fugir da virada cultural
- o pior cego é o surdo diz: hahahahah
Flavia Melissa diz:
causidikê? -
o pior cego é o surdo diz:
esqueci da virada e prometi prá minha mãe que ia
- o pior cego é o surdo diz:
agora nao posssso voltar atrás
- o pior cego é o surdo diz:
nao se volta atrás com uma promessssa para mulher
- o pior cego é o surdo diz:
dá muito trabalho
- o pior cego é o surdo diz:
melhor cumprir o prometido.
Flavia Melissa diz:
hahaha
Flavia Melissa diz:
ótimo
Flavia Melissa diz:
isso mesmo, muito bem
Flavia Melissa diz:
aprendeu direitinho.

Touch of Sweetness

●๋• beijos hotdog diz:
Zoinho sozinho!
Flavia Melissa diz:
Napoleão!
●๋• beijos hotdog diz:
Isolda e Tristão
Flavia Melissa diz:
Ofélia e o outro que eu esqueci o nome!
●๋• beijos hotdog diz:
Escreve tudo. Nomes, endereços, telefones
Flavia Melissa diz:
Hello gorgeous
●๋• beijos hotdog diz:
Your little pain got kicked out of God
●๋• beijos hotdog diz:
Quanto tempo e eu sem nada
Flavia Melissa diz:
E eu sem quase tudo
●๋• beijos hotdog diz:
Qual das duas?
Flavia Melissa diz:
A bem da verdade somos mil
●๋• beijos hotdog diz:
Agora gostei de ver
Flavia Melissa diz:
Mas 500 se encaixam em Flavia, outros 500 em Melissa
●๋• beijos hotdog diz:
É o começo do fim do sofrimento
●๋• beijos hotdog diz:
Não crie mais monstrinhos
●๋• beijos hotdog diz:
Eles são sapecas
Flavia Melissa diz:
De tão sapecas nem mais são monstrinhos
Flavia Melissa diz:
São bolhas de sabão, prestes a estourar
Flavia Melissa diz:
Todas coloridas
●๋• beijos hotdog diz:
Gosto das nossas tentativas e palavras
Flavia Melissa diz:
Você é doidinho eu eu gosto
Flavia Melissa diz:
Você é barulho de cachoeira e cheiro de passarinho quando canta
●๋• beijos hotdog diz:
Apenas um susto
Flavia Melissa diz:
Às vezes é poeta demais pro meu entendimento
●๋• beijos hotdog diz:
Felicidade é coisa chata, imagine um poema feliz que coisa besta
●๋• beijos hotdog diz:
A inteligência é triste
●๋• beijos hotdog diz:
A arte então...
●๋• beijos hotdog diz:
As pessoa devem temer nossa doçura
Flavia Melissa diz:
E estão certas em temer.

Late at night

Juliano-me-myself diz:
Esta hora, assim tão tarde. Que fazes acordada?
Flavia Melissa diz:
Estava sonhando acordada
Juliano-me-myself diz:
E de repente despertou do sonho e se deparou com a realidade?
Flavia Melissa diz:
Não, acordei com a campanhia tocando
Juliano-me-myself diz:
E quem era? O frrrrio?
Flavia Melissa diz:
Não, meu sonho em carne e osso!
Juliano-me-myself diz:
Me ensina a acordar com o sonho virando realidade, vai?
Flavia Melissa diz:
É só abrir os olhos na direção certa
Juliano-me-myself diz:
Menina-poema.
Flavia Melissa diz:
Menino-veneno...!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Lost in Translation

Ela não queria nada e queria tudo ao mesmo tempo. Acendeu o cigarro e fumou sem pressa, ciente de que cada minuto a mais era um a menos.

Ele – Por onde andou?

Ela, que nem tinha notado sua presença virando a esquina, levou um susto.

Ela – Eu? Por aqui, por ali, em todos os lugares, em lugar nenhum.
Ele – Tenho sabido de você por outras bocas... Como você está?

Ela sente o gosto frio do metal em sua boca. Era só o que faltava. Depois de tanta coisa e na primeira vez que se encontram os pontos do ciso recém arrancado estouram. Não pode sorrir e mostrar aquele líquido vermelho e espesso nos dentes.

Ela – Estou bem, acredite.
Ele – Se você diz eu acredito.
Ela – E você? Por onde tem andado?
Ele – Por aí, ando meio sem rumo, ando meio sem pressa. Ando com saudade.
Ela – Saudade é bom porque mostra que o que passou valeu à pena.
Ele – Melhor do que isso só saber que o passado pode ser presente.

Esforçava-se por não falar demais, o sangue estava ali difícil de ser angolido às pressas, temia engasgar-se. Seus olhos a fitavam incólumes, inefáveis, e ela se sentiu ser transportada para um passado distante, em que dunas e rios eram presentes mais presentes do que aquele sangue na sua boca, do que aqueles pontos estourados, do que o cigarro que quimava seus dedos.

Ele – Olha, vamos dar uma volta, vamos até a praia. Tem coisas que eu queria te dizer.

Sem pensar duas vezes foi.
Todo o seu juízo havia sido arrancado junto com aquele dente.

E os pontos também estouraram.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Chicks

Flavia, Melissa e todas as outras aqui dentro diz:
nosso almoço fica prá semana que vem?
Flavia, Melissa e todas as outras aqui dentro diz:
se não rolar almoço podia ser um café num lugar bacana e metido
- Mercedes© diz:
fica. essa morreu
- Mercedes© diz:
bem bom. adoro lugar metido!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ei, Você!

Dá prá devolver meu coração?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pseudônimo

Ele entra na sala e a mira, sentada no sofá. Ela não parece notar sua presença, de pé ali, cigarrinho pendendo da boca, óculos de aros de tartaruga. Ele pensa por um instante no que fazer, coça a barba rala e, por fim, decide se aproximar.

Ele: Olá.

Ela pára de falar no mesmo instante em que ouve a sua voz. As pessoas a sua volta também dirigem a atenção àquele homem ali parado, cigarrinho pendendo da boca, óculos de aros de tartaruga.

Ela: Olá você também.
Ele: Incomodo se eu me sentar?

Ela olha rapidamente para os amigos à sua volta e eles se espremem no sofá ao seu lado.

Ela: Lógico que não. Nós... nos conhecemos?
Ele: Eu te conheço muito bem... Mas eu sou um desconhecido para você.
Ela: E de que forma isso seria possível?
Ele: Leio cada palavra que você escreve.

Ela se desmancha em um enorme sorriso.

Ela: Verdade? Que bacana saber disso.
Ele: Bacana é descobrir que você existe de verdade, que não é um alter-ego de algum outro escritor... Como é que se chama isso, mesmo?
Ela: Pseudônimo?
Ele: Exatamente...
Ela: Nunca tinha pensado nisso. Que alguém pudesse achar que sou o pseudônimo de alguém.
Ele: Então escreva sobre isso.

Os amigos que a rodeavam já se afastaram, talvez por considerarem-se excluídos da conversa, talvez porque a conversa de um escritor e um leitor não seja lá tão interessante quanto possa parecer a princípio para pessoas que não sabem de quais palavras estão falando. Ele parece perceber isso e diz:

Ele: Acho que estraguei seu papo.
Ela: Você não estragou nada – acende para si um cigarro – E eu não estava vendo sentido mesmo em passar a festa inteira aqui sentada, ouvindo as pessoas falarem de seus trabalhos como se estes fossem suas vidas.
Ele: mas não continuamos falando sobre seu trabalho?
Ela: Meu trabalho é ser psicóloga, escrever é meu hobby.
Ele: para uma psicóloga você é uma linda escritora.
Ela: Muito obrigada. – sorri, ligeiramente corada – E você, quem é?
Ele: Meu nome é Fábio.
Ela: Muito prazer, Fábio.
Ele: O prazer é todo meu. – Ele apaga o cigarro no cinzeiro – Eu acabei de chegar aqui esperando encontrar um amigo, mas ele não está...
Ela: Ele não está perdendo nada então.
Ele: E você? Gostaria de perder esta festa também?
Ela: Como?
Ele: Vim mesmo só por causa do meu amigo, e ele não está. Não conheço ninguém a não ser minha escritora predileta. E sei que você adora jogar sinuca.
Ela: Hum...
Ele: E por feliz coincidência tem uma aqui do lado.
Ela: Hum...
Ele: A não ser que você prefira continuar ouvindo as pessoas falarem de seus trabalhos como se estes fossem suas vidas...

No dia seguinte ela escreveu:

Ei, você!
Dá prá devolver meu coração?